Antes de tudo, gostaria de
deixar o link do vídeo onde eu explico o motivo da minha ausência em meus
blogs: http://www.espiraldasbacantes.blogspot.com.br/2012/07/espiral-das-bacantes-recadinho-pandora.html
O que não encontramos no
facebook, não é mesmo?
Vagando ontem, achei uma
charge – fofa, diga-se de passagem! – que me fez pensar, novamente, na questão:
“Ok, sou Bruxa. Mas então, eu sou estranha e o mundo é normal, ou, eu sou
normal e o mundo é que é estranho?”
Já se pegou refletindo
sobre isso? Eu já, muitas vezes... e admito que até hoje, por vezes, ainda
reflito.
Muitas bruxas e bruxos
chamam-se de especiais, escolhidos, diferentes... eu já prefiro dizer que sou
estranha mesmo.
Não concordo com a visão
que somos especiais nem diferentes, pois acredito que todos somos iguais
perante os Deuses e temos posições igualitárias aqui nesse planeta e nesse
plano. Concordo menos ainda com a visão, diga-se de passagem, pretensiosa, de
que somos escolhidos. Os Deuses estão em todo lugar, para todos nós, basta
querermos enxergá-los e aceitá-los dessa maneira. Não levo o nome Bruxa como um
título, e sim como uma descrição de mim!
Sou estranha ou no máximo,
fora dos padrões. Aos 12 anos, lia livros de história, magia e ocultismo, fazia
feitiços, observava as estações do ano e as fases da lua; gostava de ficar a tarde
toda sozinha no parque, escrevendo num caderno que chamava de “livro das
sombras” e imaginando histórias mil para a minha vida afora. Hoje, aos 20, não é
muito diferente, tirando o fato que cresci e me tornei efetivamente uma bruxa!
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Sempre me identifiquei muito com ela, Hermione. A garota estranha, metida a sabe tudo, com seus livros :) |
Depois que conheci a
bruxaria, mudei muito, e ai as pessoas começaram a quebrar o estereotipo de “garota
mimada e metida” para me estereotiparem como “a garota estranha”. Nunca me
senti assim e, muito ao contrário do que eu pensava, isso não afastava as
pessoas de mim... somente as faziam ter mais curiosidade e saber que livros
eram aqueles que eu tanto lia nos intervalos da escola. Sempre se fascinavam
com as imagens das capas e as frases fantásticas, do tipo: “Cuidado com o que
desejas!”; “Faça o que quiser desde que não prejudique nada nem ninguém!”; “Semelhante
atrai semelhante!” e por aí vai...
E eu odiava ter que
explicar tudo isso para elas, pois, desse modo, me sentiria deslocada e sim,
meio estranha. Ninguém acreditava naquilo e nem ao menos tinha ouvido falar
alguma vez...
Os coleguinhas dizendo: “Minha
mãe disse que você está errada, e que precisa ir para a igreja!”. A professora
dizendo: “Preciso conversar com a sua mãe!”. A diretora fazendo-me ler trechos
da bíblia após pegar-me lendo um livro sobre Quiromancia... Que mundo estranho
era aquele que as pessoas gostavam de ser ignorantes? Que mundo estranho era
aquele que as pessoas fingiam que eram interessantes? Que mundo estranho era
aquele que ninguém queria aprender nada de novo, que ninguém gostava de livros
e que queriam viver somente aquela “vidinha medíocre de adolescente”?
Definitivamente, “aquele”
mundo não era pra mim...
Aos poucos, fui me
fechando no meu mundo e o moldando do meu modo. Quando, derepente, percebi que
cresci... e cresci num mundo onde as pessoas com quem eu convivia não me
conheciam de verdade. Afinal, não podia me revelar... eu era estranha!
Mas, certo dia, num surto
adolescente, exclamei: “Chega! Quero ser quem sou e mostrar isso para o mundo!”,
e me revelei...
Percebi que para alguns já
não fazia mais diferença; para outros, nunca fez; já outros até se
interessavam, mas possuíam outras prioridades; alguns se interessavam bastante
e pediam-me feitiços para conseguir que “o carinha” gostasse da fulana;
Fiquei feliz ao perceber
que eu podia ser quem eu realmente era, pois não fazia diferença pra ninguém.

Certo dia, conheci um
menino, e comecei a gostar dele. Lutei muito para conseguir ficar com ele, e
consegui, porém tinha medo de dizer a ele o que eu praticava, no que eu
acreditava, e quem eu realmente era: uma bruxa!
Demorei alguns anos – mais
precisamente 1 ano e meio – para contar-lhe a verdade, e quando contei, cheia
de receio, ele se virou para mim e disse: “Você é estranha, hein!”
#ahã,eujásei...
Mas logo completou: “Mas
eu gosto assim! Diferente de todas as outras, e por isso, especial para mim!”.
Estou casada com esse “menino”
hoje, e esperando um bebê... ♥
Depois,
fui encontrando pessoas que gostavam das mesmas coisas que eu e que eram como
eu! Hoje, faço parte dessa família mágica.
Percebi
que não sou estranha, nem o mundo é estranho. Somente aprendi que somos
diversidade, diferentes uns dos outros, e que os Deuses são essa diversidade
também, manifestos em cada um de nós!
Ser Brux@
é somente levar a vida de uma outra maneira, acreditar em coisas até mais
normais do que as que outras pessoas acreditam hoje em dia. Já havia “estranhos”
antes de nós, não é mesmo?!
Amo ser
estranha, e levar essa vida cheia de estranheza e magia que levo todo dia...
Agora
entendo J.K Rowling, autora de Harry Potter, quando diz que os não bruxos são
trouxas; não é por nada não, mas concordo com ela. Trouxas de não saberem como é
ser estranho nesse mundo tão particularmente normal, mas que em seu centro está
sempre em mutação, celebrando a plena diversidade do ser!
Aline Pandora