quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Brux@s: pessoas normais ou estranhas?

Antes de tudo, gostaria de deixar o link do vídeo onde eu explico o motivo da minha ausência em meus blogs: http://www.espiraldasbacantes.blogspot.com.br/2012/07/espiral-das-bacantes-recadinho-pandora.html

O que não encontramos no facebook, não é mesmo?
Vagando ontem, achei uma charge – fofa, diga-se de passagem! – que me fez pensar, novamente, na questão: “Ok, sou Bruxa. Mas então, eu sou estranha e o mundo é normal, ou, eu sou normal e o mundo é que é estranho?”
Já se pegou refletindo sobre isso? Eu já, muitas vezes... e admito que até hoje, por vezes, ainda reflito.
Muitas bruxas e bruxos chamam-se de especiais, escolhidos, diferentes... eu já prefiro dizer que sou estranha mesmo.
Não concordo com a visão que somos especiais nem diferentes, pois acredito que todos somos iguais perante os Deuses e temos posições igualitárias aqui nesse planeta e nesse plano. Concordo menos ainda com a visão, diga-se de passagem, pretensiosa, de que somos escolhidos. Os Deuses estão em todo lugar, para todos nós, basta querermos enxergá-los e aceitá-los dessa maneira. Não levo o nome Bruxa como um título, e sim como uma descrição de mim!
Sou estranha ou no máximo, fora dos padrões. Aos 12 anos, lia livros de história, magia e ocultismo, fazia feitiços, observava as estações do ano e as fases da lua; gostava de ficar a tarde toda sozinha no parque, escrevendo num caderno que chamava de “livro das sombras” e imaginando histórias mil para a minha vida afora. Hoje, aos 20, não é muito diferente, tirando o fato que cresci e me tornei efetivamente uma bruxa!
Sempre me identifiquei muito com ela, Hermione.
A garota estranha, metida a sabe tudo, com seus livros :)
Depois que conheci a bruxaria, mudei muito, e ai as pessoas começaram a quebrar o estereotipo de “garota mimada e metida” para me estereotiparem como “a garota estranha”. Nunca me senti assim e, muito ao contrário do que eu pensava, isso não afastava as pessoas de mim... somente as faziam ter mais curiosidade e saber que livros eram aqueles que eu tanto lia nos intervalos da escola. Sempre se fascinavam com as imagens das capas e as frases fantásticas, do tipo: “Cuidado com o que desejas!”; “Faça o que quiser desde que não prejudique nada nem ninguém!”; “Semelhante atrai semelhante!” e por aí vai...
E eu odiava ter que explicar tudo isso para elas, pois, desse modo, me sentiria deslocada e sim, meio estranha. Ninguém acreditava naquilo e nem ao menos tinha ouvido falar alguma vez...
Os coleguinhas dizendo: “Minha mãe disse que você está errada, e que precisa ir para a igreja!”. A professora dizendo: “Preciso conversar com a sua mãe!”. A diretora fazendo-me ler trechos da bíblia após pegar-me lendo um livro sobre Quiromancia... Que mundo estranho era aquele que as pessoas gostavam de ser ignorantes? Que mundo estranho era aquele que as pessoas fingiam que eram interessantes? Que mundo estranho era aquele que ninguém queria aprender nada de novo, que ninguém gostava de livros e que queriam viver somente aquela “vidinha medíocre de adolescente”?
Definitivamente, “aquele” mundo não era pra mim...
Aos poucos, fui me fechando no meu mundo e o moldando do meu modo. Quando, derepente, percebi que cresci... e cresci num mundo onde as pessoas com quem eu convivia não me conheciam de verdade. Afinal, não podia me revelar... eu era estranha!
Mas, certo dia, num surto adolescente, exclamei: “Chega! Quero ser quem sou e mostrar isso para o mundo!”, e me revelei...
Percebi que para alguns já não fazia mais diferença; para outros, nunca fez; já outros até se interessavam, mas possuíam outras prioridades; alguns se interessavam bastante e pediam-me feitiços para conseguir que “o carinha” gostasse da fulana;
Fiquei feliz ao perceber que eu podia ser quem eu realmente era, pois não fazia diferença pra ninguém.
Mas foi me dando uma dor no peito, um vazio no coração ao perceber que eu nunca recebia um elogio por ser quem eu realmente era, e nem nunca encontrava pessoas que compartilhassem comigo daqueles mesmos gostos. Ai pensei: “É, acho que eu sou o problema. Eu sou realmente estranha!”.

Certo dia, conheci um menino, e comecei a gostar dele. Lutei muito para conseguir ficar com ele, e consegui, porém tinha medo de dizer a ele o que eu praticava, no que eu acreditava, e quem eu realmente era: uma bruxa!
Demorei alguns anos – mais precisamente 1 ano e meio – para contar-lhe a verdade, e quando contei, cheia de receio, ele se virou para mim e disse: “Você é estranha, hein!”
#ahã,eujásei...
Mas logo completou: “Mas eu gosto assim! Diferente de todas as outras, e por isso, especial para mim!”.
Estou casada com esse “menino” hoje, e esperando um bebê...
Depois, fui encontrando pessoas que gostavam das mesmas coisas que eu e que eram como eu! Hoje, faço parte dessa família mágica.

Percebi que não sou estranha, nem o mundo é estranho. Somente aprendi que somos diversidade, diferentes uns dos outros, e que os Deuses são essa diversidade também, manifestos em cada um de nós!
Ser Brux@ é somente levar a vida de uma outra maneira, acreditar em coisas até mais normais do que as que outras pessoas acreditam hoje em dia. Já havia “estranhos” antes de nós, não é mesmo?!
Amo ser estranha, e levar essa vida cheia de estranheza e magia que levo todo dia...
Agora entendo J.K Rowling, autora de Harry Potter, quando diz que os não bruxos são trouxas; não é por nada não, mas concordo com ela. Trouxas de não saberem como é ser estranho nesse mundo tão particularmente normal, mas que em seu centro está sempre em mutação, celebrando a plena diversidade do ser!

Aline Pandora