quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Sabbaths


Os principais rituais Wiccanianos são os Sabbaths, que celebram as mudanças das estações do ano e o percurso do Deus Sol ao longo dos ciclos sazonais. Na Wicca, o ano é uma grande Roda, sem começo nem fim, e por isso os oito Sabbaths são chamdos conjuntamente de Roda do Ano. Eles possuem grandes significados e são uma das chaves principais para o entendimento de nossa religião.
A Wicca vê uma relação profunda entre o ser humano e o ambiente onde ele vive; prega que a Natureza é a própria manifestação dos Deuses, e por isso, celebramos a mudança das estações. A Roda do Ano é vista como um ciclo ininterrupto de vida, morte e renascimento. Assim, reflete a passagem das estações do ano, bem como as tranformações humanas internas e externas provocadas por elas, e a ligação de cada pessoa com o mundo. Todo o que vive e respira é divino. Celebrando a vida ao longo das mudanças das estações estabelecemos contato com o mundo dos Deuses atraindo as energias do mundo natural para dentro de nós e alcaçando a unidade com o mundo divino.
Uma Bruxa (o) procura sempre se conectar com a Natureza em todas as suas manifestações, não só observando, mas também sentindo o seu fluxo e as mudanças que elas provocam em sua vida cotidiana. Os mistérios da Deusa e do Deus e seus diferentes aspéctos estão contidos em cada estação. A Roda do Ano simboliza a história ancestral da Deusa e o ciclo de morte e renascimento do Deus, seu Filho e Consorte.
A Roda do Ano Wiccaniana possui dois significados:


- Roda de Celebração da Natureza: todos os Covens (grupos de Bruxas - os) e Wiccanianos Solitários se reunem no dia se Sabbath para celebrar a Deusa e bençãos que Ela concede à Terra nas mudanças das estações.
- Roda de Iniciação: expressa os ensinamentos dos Antigos por meio das estações, pois os Deuses e a Natureza são uma coisa só.

Os Sabbaths são celebrados com fogueiras (quando possível), velas, cânticos e comidas sagradas. Nessas cerimônias, as Bruxas (os) agradecem pelas bençãos de fartura e abundância em suas vidas.
Alguns sítios arqueológicos que antecedem o Neolítico, como Stonehenge, eram utilizados como calendários naturais - marcavam a mudança e os ciclos das estações, revelando que tais datas eram consideradas momentos importantes para as civilizações antigas.


As Tradições e a Simbologia da Roda do Ano

A Roda do Ano é dividida em em Sabbaths maiores, chamados Samhain (lê-se Souen), Imbolc, Beltane (lê-se Beltaine) e Lammas, que celebram o ciclo agrícola da Terra, marcando a semeadura, o plantio e a colheita, e cujo nome e origem são celtas; e quatro Sabbaths menores, chamados Yule, Ostara, Litha e Mabon - que marcam os Equinócios (meio de uma estação) e Solsticíos (fim de uma estação), e a trajetória do Sol pelo Céu.



*Samhain: celebrado no dia 1º de maio no hemisfério sul e 31 de outubro no hemisfério norte, trata-se de uma data Pagã mais importante, que marca o ano novo Bruxo. Para os antigos povos, não era só considerado um momento de poder, mas também o tempo em que o véu que separa os mundo encontrava-se mais tênue, quando os Deuses e Ancestrais podiam se encontrar com os homens. Por isso é aconselhável de iniciar nesta data, pois a ligação entre os mundos é bem maior.
Por ser também uma celebração dos ancestrais, este Sabbath alude a morte que, para os Pagãos, é encarada como parte da vida, sempre abrindo caminho para o novo. Todos os antepassados e aqueles que já partiram para o País de Verão (assim é chamado o Outromundo Pagão, um lugar de descanso e alegria onde as almas, entre uma encarnação e outra, resgatam suas energias) são relembrados e seus espíritos são convidados para fazerem parte dos rituais. Como a morte lembra finalização, neste Sabbath faz-se uma profunda meditação/ reflexão sobre o término das relações, trabalhos e períodos de vida que precisam passar e sobre tudo aquilo que precisamos abandonar.
Uma das tradições desta cerimônia consiste em deixar um prato e lugar à mesa para os ancestrais. À meia-noite acende-se uma vela laranja para guiar os espíritos em sua viajem à Terra.
O Sol estará em seu ponto mais baixo no horizonte e nas seis semanas seguintes ao Samhain o Velho Rei morrerá e a Deusa Ãncia lamnetará a sua ausência. Por ser o primeiro dia do ano-novo celta e do inverno, Samhain é um tempo ideal para términos e começos.


*Yule: celebrado no solstício de Inverno, que ocorre por volta de 20 de junho mo hemisfério sul e 20 de dezembro no hemisfério norte, é o momento de celebrar o retorno do Sol. Depois das longas noites de inverno, o Sol voltará a brilhar e os dias se tornarão gradativamente maiores, até serem mais longos que as noites.
Para os povos antigos o clima era algo extremamente importante, uma vez que passavam a maior parte do tempo livre. Exatamente por isso, o solstício de inverno era uma data reverenciada, anunciando apromessa do Sol, da luz e da fertilização da vida. O Deus como a Criança da Promessa (o Sol nscente e crescente) era celebrado para trazer calor e luminosidade. Yule assinala a esperança de um novo tempo, abrindo caminho para inúmeras possibilidades.
O solstício de inverno era celebrado com luzes, fogoe a tradicional "Árvore de Yule" - com enfeites e bolotas de carvalho -, que foi posteriormente assimilada pelo Cristianismo, tranformando-se na Árvore de Natal. Também é tradição nesse Sabbath confeccionar uma "Yule Log" (Tora de Yule): uma vela branca, uma preta euma vermelha (representando as três faces da Deusa) são dispostas no meio de um pequeno tronco deitado e acesas enquanto são feitos pedidos. A Yule Log é guardada até o ano seguinte, quando deve ser queimada.
Yule representa o retorno da Luz, quando na noite mais fria do ano a Deusa concebe o Deus Sol, a Criança da Promessa. Ele traz fertilidade e calor à Terra e assim as esperanças renascem.


*Imbolc: celebrado no dia 1º de agosto no hemisfério sul e 2 de fevereiro no hemisfério norte, a palavra Imbloc significa "no leite" e marca o período de lactação das ovelhas e do gado na Europa. Era o momento mais frio do ano, quando não havia mais lenha disponível para as fogueiras, tão comuns nas celebrações dos Sabbaths. As celebrações então tomavam forma nas procissões de velas que percorriam o arado para purificar a terra, preparando-a para o plantio de novas sementes. Este era também o dia consagrado a Brigith, a Deusa celta do fogo, do lar, da família, da cura e da fertilidade. As muitas velas respresentavam poder e luz do Sol que se aproximava com a chegada da Primavera.
Um costume tradicional deste Sbbath é colher um ramo verde e deixá-lo pendurado em algum lugar dentro de casa, para abençá-la com novas energias.
Imbolc é o festival que celebra a luz nas trevas. É o momento ideal de se banir remorsos, culpas e de se planejar o futuro. A Deusa está cuidando de seu bebê, a Criança do Sol (Deus). Ela e seu Filho afastam o inverno e o Deus cresce forte e poderoso. Nessa celebração, honra-se a Deusa Brigith por ter tido aceso o fogo das lareiras durante as noites escuras e frias de inverno.



*Ostara: celebrado no equinócio da Primavera, que ocorre por volta de 20 de setembro no hemisfério sul e 20 de março no hemisfério norte, o equinócio da Primavera, festejado por inúmeras culturas ao longo da história, celebra a renovação da Terra e a chegada das flores.
Em Ostara a Deusa se apresenta como a Donzela da Primavera e o Deus como um jovem guerreiro. Sua união será consumada mais adiante no Sabbath de Beltane, quando a Deusa - Terra - e o Deus - Sol - trarão a germinação das sementes plantadas na época da Primavera.
Uma das tradições de Ostara é pintar ovos com símbolos e cores que represente nossos desejos e depois "plantá-los", ou depositá-los, no pé de uma árvore frondosa e florida. O ovo representa a semente dos nossos sonhos que quando deixada sob a terra germinará nos concedendo bençãos.
Ostara representa o momento de união e amor entre a Deusa (Lua) e o Deus (Sol), pois é um período de igualdade e equilíbrio entre as forças da natureza. É o momento ideal para se fortalecer a energia de complementariedade entre homem e mulher, momento de "plantar" e cultivar nossas "sementes".



*Beltane: celebrado no dia 31 de outubro no hemisfério sul e 1º de maio no hemisfério norte, Beltane, que pode ser traduzido literalmente como “Fogo de Bel” ( antigo Deus Celta do Sol), é a celebração máxima do fogo, a festa que celebra o meio da Primavera, a preparação para a chegada do Verão e, consequentemente, da fertilidade esperada para o próximo ano. Neste Sabbath um homem e uma mulher são escolhidos nos rituais de Covens para representar o Deus e a Deusa, o Senhor e a Senhora da Primavera. O gado e as pessoas passavam pelo fogo para serem purificados, ao mesmo tempo que a fumaça assegurava fertilidade e bênçãos.
Uma das tradições desse Sabbath é colher nove gravetos de árvores diferentes e enfeitá-los com lindas flores e fitas e queimá-los no fogo enquanto são feitos pedidos. É o período em que o Deus atinge a força ematuridade para se unir à Deusa e, juntos, trazerem o calor, luz e germinação às sementes da Terra que serão colhidas mais tarde, em Lammas. Tempo de celebrar a vida em todas as suas formas. É o momento de dar boas vindas ao Verão, um momento de equilíbrio, no qual nos despedimos das chuvas e as colinas e vegetações assumem tons dourados. A Deusa e o Deus, estão em plena vitalidade e se amam de modo intenso. É a época da união entre os princípios masculinos e femininos da criação, a união dos poderes que trazem à vida todas as coisas.
Um dos símbolos mais conhecidos associado a este Sabbath é o Mastro de Maio, ou Mastro de Beltane, que representa o falo do Deus. Ele é sempre ornado com uma coroa de flores que simboliza a vulva da Deusa enquanto fitas multicoloridas são entrelaçadas pelos participantes, umas nas outras, até que todo o mastro já esteja coberto por elas, representando a união dos Deuses.



*Litha: celebrado no solstício de Verão, que ocorre por volta do dia 20 de dezembro no hemisfério sul e 20 de junho no hemisfério norte, Litha representa o apogeu do Sol – o solstício de Verão. É o dia mais longo do ano, mas a partir dele as noites serão pouco a pouco mais compridas, até se tornarem mais longas que o dias, trazendo novamente o Inverno à Terra.
Neste dia, o Deus atinge a maturidade, acontecimento que era celebrado com grandiosas fogueiras pelos povos celtas. As fogueiras representam o grande poder do Rei Solar concedendo energia ao astro para que o Verão dure mais tempo e o Inverno não seja tão rigoroso. Os Pagãos, como muitos outros grupos religiosos, sempre reconheceram o poder de força e criação do Sol. Este é o tempo ideal de celebrar a vida e o crescimento.
Uma das Tradições do Solstício de Verão consiste em colher flores em um parque, bosque ou jardim e levá-las até uma fonte cristalina, oferecendo-as ao Povo das Fadas, facilmente acessado nesta data.
Em Litha celebra-se a abundância, a luz, a energia, o calor e o brilho da vida proporcionados pelo Sol. Nesse instante o astro transforma as forças da destruição por meio da luz do amor e da verdade. Litha é o auge do poder solar – a Deusa foi fertilizada pelo Deus. A partir desse momento, o Deus Sol iniciará a sua caminhada rumo ao País de Verão, morrendo em Samhain.


*Lammas:celebrado no dia 1º de agosto no hemisfério norte e 2 de fevereiro no hemisfério sul, também conhecido como Lugnashad, Lammas é o Sabbath da primeira colheita, um tempo em que os grãos eram colhidos, pães eram feitos e fartura voltaria a reinar. Neste momento fazia-se oferendas de agradecimento aos Deuses, sementes eram consagrados para serem plantadas posteriormente e o Deus Ra celebrado como o Senhor dos grãos, que fazia o seu primeiro sacrifício para nutrir os filhos da Deusa.
Uma das tradições deste Sabbath é fazer uma boneca de milho ou de trigo e colocá-la em algum lugar da casa para representar a Deusa como s Senhora da colheita. Acredita-se que este ritual assegure a continuidade da abundância em nossas vidas.
Lammas é o festival celta que homenageia o Deus Sol (Lugh). Ele agora se transforma no Deus das Sombras, doando sua energia às sementes para que a vida seja sustentada, enquanto a Mãe se prepara para assumir o papel de Anciã. Esse poderoso ritual enftiza a relação do fogo com os Deuses da vida e a centelha da criação. Tempo de agradecer o que se começou a receber e sacrificar o que for possível para se receber mais.


*Mabon: celebrado no equinócio de Outono, que ocorre por volta do dia 20 de março no hemisfério sul e 20 de setembro no hemisfério norte, Mabon marca o festival da segunda colheita. Afora, o Sol caminha mais rapidamente em direção ao Inverno e o plantio feito no Sabbath de Ostara alcança a sua colheita final, iniciada em Lammas. É hora de agradecer a abundância e a fartura e também de se reconhecer o equilíbrio da vida, pois nos equinócios dia e noite possuem o mesmo tempo de duração.
Neste momento os povos antigos começavam a esticar seus alimentos e armazenar os grãos que houvesse comida suficiente durante o período de Inverno.
Mabon é o festival de ação de graças Pagão, quando são lembradas as conquistas. Por isso, uma das tradições deste Sabbath é colocar um cálice de vinho no centro da mesa do almoço ou jantar e deixá-lo passar de mão em mão enquanto cada pessoa presente faz agradecimentos e expressa seus desejos de felicidade.
Tempo de equilíbrio, gratidão; de meditar sobre escolhas e agradecer tudo que se obteve no ano que passou. A morte do Deus, que doou todos os seus poderes aos humanos nas colheitas, está por vir.


Existe muito simbolismo na Roda do Ano e ao entendê-la, assimilá-la e integrá-la ao seu modo de vida você estará compreendendo a essência da religião Wicca e da Bruxaria.
A Roda representa o modo como os Wiccanianos vêem o universo, celebram os ciclos da natureza e entendem seus refluxos em nosso viver.
Sempre girando, estes ciclos internos e externos irão retornar à sua fonte primordial de energia, ao seu inicio, começando e terminando muitas vezes, mostrando que depois da morte sempre há renascimento. Isso é refletido no cair das folhas e brotar das flores; no germinar das sementes e na colheita dos grãos semeados, consumidos e replantados; no apogeu e declínio do Sol.
Atualmente, com os avanços científicos e tecnológicos, talvez seja difícil compreender como uma religião das antigas civilizações agrárias pode fazer sentido nos tempos modernos e o que ela tem a nos oferecer. Para responder a esse questão basta olhar a sua volta. A o fazer isto você vai perceber que independente de sua vontade as estações continuam mudando e que a força da natureza é infinitamente maior que todos os avanços alcançados pelo homem moderno. Conhecendo o que acontece no mundo e em nosso redor, será mais fácil compreender de onde viemos, onde chegamos e as possibilidades que nos aguardam. A Roda do Ano nos mostra que o universo reflete o ciclo da mudança, sempre em movimento.



Fonte: Retirado e adaptado de "Wicca para Bruxos Solitários" de Claudiney Prietto.

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